4.1.16

os últimos dias do ano

Não escrevo há 15 dias. Confesso que sinto alguma falta. Gosto da sensação de ir contando os meus dias - e gosto de saber que alguém "os lê". É um diário, um desabafo, uma forma de registar memórias. Há uns dias ouvi (num TED de que tenho de falar aqui) que temos tendência a desvirtuar as memórias com o passar do tempo - provavelmente ajustamos ao que gostaríamos que se tivesse passado, suavizamos momentos mais negativos ou intensificamos outros? Acredito que aconteça com frequência. O blog pode ser uma forma de manter as memórias reais - e gosto dessa ideia. Mas adiante! Muito se tem passado - não fosse esta a altura mais "preenchida" do ano para toda a gente.

Natal. Passámos o 24 cá em casa e o 25 entre Cascais e Lisboa. Felizmente temos a família perto, toda entre Setúbal-Cascais-Lisboa, logo não temos de fazer muitos quilómetros para estar com todos. O meu Natal de infância era quase sempre na mesma casa (a casa de Azeitão) onde ia toda a família e era raro termos de nos deslocar em ambos os dias. Lembro-me de ter a sensação de o Natal durar imenso tempo. Hoje dividimo-nos um pouco para chegarmos a todas as casas e dois lados da família - mas não nos podemos queixar, estão todos perto. Como dizia: a véspera foi cá em casa - gosto muito do Natal e tenho o maior prazer em que seja cá em casa. Temos uma casa que se presta a "jantares" com uma sala de jantar e sala de estar contíguas; a nossa Joselita (tenho de falar na Joselita) veio dois dias antes e a casa ficou impecável; e dividimos os preparativos e iguarias entre todos - e assim ninguém ficou muito cansado. Confesso que não gosto de "coisas a mais" (afinal éramos só sete) nem da ideia de passar o dia inteiro na cozinha. Gosto que estejamos todos pela sala, a conversar, a jogar, a petiscar - com idas pontuais à cozinha para controlar o peru no forno. Simplificamos e gosto disso. Afinal de contas não é tarde/noite para stressar, é para estar. Simplesmente estar e desfrutar da companhia. É verdade que ainda não temos um Natal com crianças mas creio que vamos conseguir manter o "simples e calmo" quando tivermos :) Foi o nosso terceiro Natal juntos, meu e do Manel.

Passagem de Ano. Também foi cá em casa, com amigos. Nem eu nem o Manel ligamos muito à data - nem os amigos que cá vieram - mas não deixa de ser uma noite diferente. A lógica foi a mesma do Natal: cada casal preparou qualquer coisa o que permitiu conversa pela noite dentro, sem grande stress na cozinha. Prático e descontraído. Quanto à "passagem" em si: confesso que sempre fui pessoa de resoluções - "este ano vou aprender mais uma língua", "este ano vou fazer mais exercício físico", "este ano vou (...)" - mas creio que já em 2014 não fiz. [Fui agora ver o post que publiquei no Facebook no final de 2014 e não fiz mesmo: "Depois de um dia um pouco atribulado (note to self: não experimentar um cabeleireiro novo em dias de festa) e com um humor assim-assim (tenho esperança no champanhe) recordo-me que 2014 fica marcado pela minha primeira bola de berlim na praia (true story).. E pelo regresso apaixonado a Lisboa, depois de Bruxelas, e por muitas viagens e dias bons! Apesar de estar certa de que não trocava nada (do que é realmente relevante).. Gosto de recomeços. Ano novo: saúde para todos, o resto fazemos nós. "destaveznaofacoresolucoes #quevenha2015 #bomano"]. Pois bem, em 2015 também não fiz resoluções. Pensei num post para partilhar, mas com os amigos a chegar cá a casa e a conversa que surgiu pelo meio acabei por não publicar. Ainda publiquei uma fotografia - pequeno desenho criado por mim com uns carimbos amorosos que comprei em Nova Iorque:


























Nas não cheguei a escrever nada. Tinha na cabeça um post bem-disposto como o do ano passado (apesar de não andar com a disposição nos píncaros - curiosamente também não estava ultra bem-disposta no final de 2014). Tinha na cabeça algo como: "2015 foi o ano em que passei a gostar de castanhas assadas e de filhozes - ou o ano em que comprei os primeiros cremes anti-rugas (gostava de dizer que apenas de prevenção mas acho que já vi uma ou outra malvada). Também foi o ano em que deixei o trabalho estável, em que já não me revia, por um dia-a-dia mais incerto. Apesar de não me arrepender - tomaria a mesma decisão hoje - ainda não me habituei totalmente a trabalhar a partir de casa/por conta própria mas sou uma pessoa que não lida bem com a mudança." E não pensei em forma para terminar mas sei que voltaria a desejar saúde a todos - algo que por muito que façamos (exercício físico, alimentação saudável...) não controlamos totalmente. Há muito mais que não controlamos... Mas que podemos sempre tentar mudar ou alcançar e é novamente com esse espírito que entro no novo ano. 2016 é capaz de ser o ano sobre o qual menos sei (antes do ano começar). Tenho amor, todo o amor que podia desejar, e a minha família próxima - mas tudo o resto, e principalmente a vida profissional, é uma incógnita. Estou curiosa.

Ainda sobre os últimos tempos: entre o Natal e a Passagem de Ano tive uma prova de conhecimentos que exigiu alguma dedicação (pesquisa e estudo) nas semanas anteriores. Esperava que corresse melhor: achava que estava preparada e tive um pequeno baque quando vi as perguntas do exame. Respondi o mais e melhor que pude e ainda não sei os resultados - mas não estou muito optimista. Na verdade não andei muito optimista nos últimos dias do ano - já por aqui tinha partilhado que não sentia o espírito natalício - e tenho andado um pouco ansiosa com a volatilidade do trabalho por conta própria. Posso sempre concluir que não é o melhor para mim, que não se encaixa no meu feitio, que prefiro algo fixo ou integrado numa equipa/entidade. Mas ao mesmo tempo acho que ainda não lhe dediquei (à experiência em si) tempo suficiente. Lá está: estou a lidar com o desconhecido para os próximos tempos. Tenho de aguardar os resultados do exame - mas ao mesmo tempo estou a preparar-me para a possibilidade de não ter um resultado positivo. Há que ter sempre um plano B, que não é melhor nem pior, é algo que nos salvaguarda se o plano inicial não correr como esperamos. Vou apostar no plano B nos próximos tempos - que na verdade já existe há algum tempo mas não lhe tenho dado a atenção devida. É altura de o fazer. Afinal "the best way to predict the future is to create it" - Peter Drucker. Podemos controlar quase tudo. Podemos mudar quase tudo.

Feliz 2016 às quatro pessoas queridas que sei que me lêem: Manel, Mãe, Inês e Laura. Sei que alguém já espreitou o blog em Varsóvia e na Amadora (?) o que me deixa curiosa! Vou averiguar :)

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