9.11.15

do fim-de-semana

Gosto de tudo o que se relaciona com cozinha. Sou muito feliz à mesa e gosto de explorar receitas, fazer compras (supermercado biológico ou praça para ingredientes e diversas lojas para utensílios e acessórios) e cozinhar. Vem de trás: tenho uma família que dá uma grande importância ao lado gastronómico da vida: ao preparar, reunir à volta da mesa, apreciar e conversar durante horas. Tenho avós que cozinham divinalmente - e que o fazem por prazer, pois sempre tiveram "ajudas" - e tanto a minha mãe como o meu pai herdaram o jeito e o prazer de preparar e receber. Eu e a minha irmã esforçamo-nos por acompanhar.

Recordo os fins-de-semana invernais na casa de Azeitão (o crepitar da lareira e salamandra, o Frank Sinatra do meu pai baixinho, de fundo) sempre com pratos mais elaborados do que durante a semana. Os nossos pais perguntavam-nos quase sempre, a mim e a minha irmã, o que nos apetecia para o fim-de-semana e os pedidos andavam sempre muito à volta de assados no forno, pratos de bacalhau, pratos italianos. Os almoços duravam horas - prolongavam-se com chávenas de chá e conversa (quase sempre numa tentativa nossa de adiar a tarde de estudo, nos tempos de liceu e faculdade). 

Toda esta introdução para dizer que sou uma foodie, vulgo bom garfo, e que sou feliz à mesa e em tudo o que se relaciona. Felizmente encontrei no Manel a mesma paixão: também gosta de percorrer livros de receitas e é mais inventivo do que eu na cozinha (o que se nota no estado em que a cozinha fica depois de cozinhar - mas adiante). Curiosamente temos um gosto muito parecido e apetece-nos quase sempre o mesmo: "estava a pensar fazer salmão no forno para o jantar, o que achas?" "humm, sim, é mesmo isso que me apetece". Acontece-nos com muita frequência, é uma sintonia feliz :)

A nossa relação com a cozinha estende-se, obviamente, para fora de casa: gostamos de conhecer locais novos, especialmente pequenos coffee-shops para um café ou chocolate quente. Quando gostamos somos fiéis (adoramos o Fábulas, o Kaffehaus, o Le Jardin na Embaixada - apenas alguns exemplos, em Lisboa) e quantos mais espaços bons conhecemos mais frustrante se torna passar por experiências menos agradáveis: a felicidade que sinto quando provo algo que me enche a alma é proporcionalmente inversa à frustração de provar algo que fica aquém das expectativas. Fico mesmo chateada, desiludida.

Este fim-de-semana tivemos, precisamente, duas experiências gastronómicas totalmente opostas:

Sábado, um sol maravilhoso! Decidimos ir até ao Cabo Espichel. Depois da fotossíntese lembrei-me que tinha aberto, há pouco tempo, um cafézinho biológico perto de Sesimbra e decidimos parar lá. Valeu tanto a pena! O espaço é amoroso e os donos muito simpáticos. Provámos uma tarte de amêndoa deliciosa (apenas com ingredientes biológicos e do bem, sem açúcar refinado e afins) e tomámos café bio ao som de António Zambujo. Fomos muito bem recebidos: no fim decidimos levar mais uma fatia de tarte para a viagem (e ofereceram-nos ainda mais uma fatia!). Pequenos gestos que fazem toda a diferença e que determinam o nosso regresso. Vamos voltar, de certeza!

Domingo, outro dia com sol que aquece por dentro! Decidimos dar uma volta no Lx Factory. Adoramos o espaço, o ambiente alternativo e as lojas (o Manel perde-se nas lojas com artigos vintage). Também gostamos dos restaurantes: já experimentámos o Cantina, onde provámos moussaka pela primeira vez e adorámos, e também gostámos do Burger Factory. Ainda nos falta conhecer alguns (A Praça, Landeau) e ontem decidimos experimentar o Café na Fábrica. Não fomos muito bem recebidos, principalmente em termos de atendimento (penso que até por alguém da gerência) e da apresentação dos pratos - sem qualquer primor.

Pedi um hambúrguer de grão com pimentos, cogumelos e rúcula - em bolo do caco - e o Manel uma baguete com brie, mel, nozes e rúcula. Não foi tanto uma questão de sabor, foi todo o contexto: atendimento a correr, simpatia zero e apresentação negativa. Muito negativa (devia ter fotografado). Senti-me numa estação de serviço - e não é isso que se espera de um espaço assim. Pergunto-me como é que espaços de restauração se dão ao luxo de não garantir um serviço acima da média - sendo isso que faz a diferença entre um cliente voltar ou não voltar. Ainda para mais nos dias de hoje - em que o cliente tem acesso a um mundo de plataformas que permitem avaliar (e tornar pública) a sua boa ou má experiência.

Enfim... Desabafei a frustração :) Deixo-vos uma fotografia da tarte de amêndoa do Aloha Café - roubei da página de Facebook, espero que os autores não se importem :) Não deixem de ver a página, tem fotografias lindas (foodie que é foodie perde-se com fotografias destas) e fica a sugestão para quando passearem para aqueles lados!

Tarte de amêndoa (biológica!) - Aloha Café, Santana - Sesimbra

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